A descoberta de uma fortaleza
islâmica do século 12 no sul de Portugal adiciona dados sobre o domínio
muçulmano na península ibérica, especialmente sobre o fundador da
construção, o filósofo sufi Ibn Qasi.
Os vestígios descobertos, pertencentes a um tipo de complexo militar e
de culto conhecido em árabe como "ribat", são excepcionais na região
pelo número de casas e mesquitas, explicou o arqueólogo da Universidade
Nova de Lisboa, Mário Varela Gomes, à agência de notícias Efe.
O achado da construção medieval é quase inédito na península, porque
até agora mal se conhecia a de Guardamar del Segura, na província de
Alicante (sudeste da Espanha), disse o pesquisador.
As escavações do "ribat", situadas em Aljezur, um pequeno município na
província meridional do Algarve, serviram para identificar nove
pequenas mesquitas, um minarete e um muro de orações em seus dois
hectares de extensão.
No entanto, a descoberta mais relevante corresponde às lápides
funerárias, cuja leitura revela dados inéditos sobre um personagem
importante, mas pouco conhecido da ocupação muçulmana na península
Ibérica durante o século 12: o místico Ibn Qasi.
Segundo Gomes, ele teria fundado as bases de um estado teocrático no
sul de Portugal, Andaluzia, Extremadura, Badajoz e Córdoba.
Fundamentalista do ramo sufi, Ibn Qasi liderou a luta contra os
almorávides (dinastia norte-africana) e iniciou o "ribat" em 1130.
A construção, que formou monges guerreiros que combateram em sucessivas
guerras em Al Andalus --a região ibérica dominada pelos muçulmanos--
incitava à meditação por seu isolamento e grandeza natural, explicou o
pesquisador.
Entre dunas e baixa vegetação, estava encravado à beira de uma fileira de penhascos banhados pelo oceano Atlântico.
No entanto, o projeto de Ibn Qasi foi interrompido em 1151, quando
assassinado. "Era visto como um traidor pelos outros muçulmanos, porque
tinha assinado um pacto de não agressão com Afonso Henriques (primeiro
rei português e de confissão católica)", relatou Gomes.
O "ribat" acabou sendo abandonado definitivamente pouco depois do desaparecimento de seu fundador.
Fonte: Folha.com
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