quinta-feira, 20 de outubro de 2011

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Colecionador preserva a cultura Charrua em Paso de Los Toros, Uruguai


O fazendeiro Washington Aizpun, de 77 anos, transformou a casa num museu particular. Uma coleção de pedras esculpidas pelos Charruas, indígenas que já habitavam o uruguai há oito mil anos, está bem guardada.

Eles eram nômades e viviam basicamente da caça e, para matar os animais, usavam flexase lanças bastante rudimentares, mas afiadas. As boleadeiras, atadas em couro cru, serviam para laçar animais e mostram como o trabalho artesanal era bem feito.
Noventa por cento das pedras foram encontradas nas margens do rio Negro. A grande maioria foi o próprio Washington quem as recolheu num trabalho de campo, feito formiguinha.
Para isso foi preciso treinar os olhos: ele dá três ou quatro passos, gira e vasculha todo o espaço em volta. Depois que encontra algo interessante, faz uma marca no local para recolher a pedra na volta.
Washington se compara a um pescador. "O que eu faço é igual só que no meu caso a alegria não é fisgar um peixe grande, mas encontrar uma peça nova".

Na coleção, as pedras foram separadas de acordo com a utilidade que tinham. Cada conjunto revela hábitos e costumes dos índios: as pedras escavadas eram usadas para amassar alimentos; outras para produzir fogo, a partir da fricção de pedaços de madeira contra a pedra.
Os índios tinham peças pra tudo, até com função de agulha para perfurar e costurar o couro e também para amaciá-lo. A paixão de colecionar pedras indígenas começou quando Washington tinha apenas 12 anos.

Hoje ele tem 2.670 peças na coleção, todas numeradas. As peças mais antigas têm entre 4.500 e 5 mil anos, de acordo com o colecionador.
Para determinar a idade, ele conta com a ajuda de arqueólogos. "Eu digo onde encontrei a pedra. Eles vão até lá, escavam a terra à procura de algo orgânico, como um osso queimado, um pedaço de carvão.
Depois enviam a amostra do material para os Estados Unidos e por meio do teste com carbono 14 vem a resposta de quantos anos tem a peça encontrada.
A cada nova descoberta, uma satisfação: recuperar a história desse povo primitivo é quase uma obrigação para os uruguaios.
Não vai compensar o extermínio das tribos de Charruas, mas pelo menos o legado deles permanece vivo graças a um colecionador que transforma sonhos em realidade.


Fonte: EPTV

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