Pesquisadores
da Universidade de Southampton, na Grã-Bretanha, capturaram imagens
impressionantes em um dos pontos mais inóspitos do fundo do Oceano
Índico.
As
imagens, capturadas com a ajuda de um robô na Cadeia de Montanhas
Submarinas do Sudoeste Índico, foram feitas enquanto os cientistas
pesquisavam as aberturas de vulcões submarinos, no fundo do oceano.
Descobertos
em 1977, estes respiradouros hidrotermais são fissuras no fundo do
oceano que expelem água muito quente, rica em minerais. Apesar das
temperaturas altíssimas, estas áreas podem abrigar ecossistemas
variados.
A
equipe de cientistas britânicos se concentrou nas aberturas do
sudoeste índico porque esta cadeia está ligada à Cadeia de Montanhas do
Oceano Atlântico e à Cadeia Central Índica, locais onde a vida marinha
já foi bem documentada.
Nesta nova
pesquisa, os cientistas da Universidade de Southampton encontraram
moluscos, crustáceos, mexilhões e outras criaturas. Em seguida, eles
compararam estas criaturas com as encontradas em respiradouros
vulcânicos de cadeias submarinas vizinhas.
"Eu
esperava (encontrar por) lá algumas semelhanças com o que sabemos do
Atlântico, e algumas semelhanças com o que sabemos das aberturas do
Oceano Índico, mas também encontramos animais que não são conhecidos em
nenhuma daquelas áreas, e isto foi uma grande surpresa", disse o
professor Jon Copley, pesquisador-chefe do projeto.
Encruzilhada
A
área pesquisada pelos cientistas é diferente das outras, pois tem
menos atividade vulcânica do que outras cadeias submarinas, com menos
respiradouros.
Para
capturar as imagens, os pesquisadores usaram um robô submarino chamado
Kiel 6000, do Instituto de Ciências Marinhas de Leibniz, na Alemanha.
As descobertas do robô surpreenderam os cientistas.
"Este lugar é uma verdadeira encruzilhada em termos de espécies de respiradouros no mundo todo", disse Copley.
"Uma
(das descobertas) foi um tipo de caranguejo yeti. Existem atualmente
duas espécies descritas de caranguejo yeti conhecidas no Oceano
Pacífico, e (esta última descoberta) não é como as outras, mas é o
mesmo tipo de animal, com braços longos e cabeludos", afirmou.
"Também
(encontramos) alguns pepinos-do-mar, desconhecidos dos respiradouros
do Atlântico ou da Cadeia Central Índica, mas conhecidos no Pacífico."
"Temos ligações com várias partes diferentes do mundo aqui", disse o cientista.
Diversidade
A diversidade das criaturas encontradas também surpreendeu os cientistas.
"Em
muitos outros campos com respiradouros, nesta zona quente, você
encontra animais que frequentemente são de apenas um tipo: na Cadeia do
Atlântico é apenas camarão. Mas aqui vimos três ou quatro ao mesmo
tempo", disse Copley.
As
descobertas devem ajudar os pesquisadores a descobrir mais sobre como
as criaturas se movem de abertura em abertura. Estes respiradouros têm
vida curta e, se as criaturas que habitam a área não tiverem a
habilidade de se mover de um sistema para outro, a vida nestas regiões
seria extinta.
Apesar destas descobertas, os pesquisadores temem pelo futuro da região.
A
China conseguiu uma licença para explorar o potencial de mineração
destes respiradouros, concedida pela Autoridade Internacional dos
Fundos Marinhos (ISA, sigla em inglês), entidade que regula a
exploração nos oceanos.
"Seria
muito prematuro começar a perturbar (as espécies da região) antes de
descobrirmos totalmente o que vive lá", afirmou o cientista.
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